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Ficção Científica, HBO, hp Lovecraft, literatura fantástica, Protesto, Racismo, Terror, Xenofobia
O BLOG PHANTASTICUS EM DUAS VERSÕES – EM PORTUGUÊS E EN ESPAÑOL.
Versão em português: O Território de Lovecraft.
Olá para todxs. Espero que estejam bem e que tenham uma ótima semana. Comecei a acompanhar a nova série da HBO “Lovecraft Country” e muitas coisas me vieram a cabeça. Howard Phillips Lovecraft é um dos autores mais cultuados de todos os tempos, e nesta década, o escritor de Providence, nos Estados Unidos, passou a ser mais revisitado, por todas as gerações. Seu terror cósmico tem influenciado cada vez mais filmes. E agora temos a série. E com ela, passou do tempo de falarmos sobre algo que incomoda a grande maioria dos fãs: o racismo e a xenofobia nada discretos na obra e na vida de H.P. Lovecraft.
O blog já fez vários posts sobre Lovecraft e abaixo coloco o link do mais importante, que escrevi em 10 de outubro de 2015:
jotacortizo.wordpress.com/2015/10/10/o-horror-mais-repulsivo-escorrendo-a-cada-pagina-de-h-p-lovecraft-el-horror-mas-repulsivo-que-gotea-de-cada-pagina-de-h-p-lovecraft/
Nota: A série é uma adaptação do livro homônimo – de Matt Ruff. O romancista cult aclamado pela crítica torna visceral os terrores da vida na América da década de 50, ainda sob os efeitos das racistas leis Jim Crow neste trabalho brilhante e maravilhoso da imaginação que mistura ficção histórica, pulp noir e horror e fantasia de Lovecraft, Chicago, 1954.
Seu livro vem em contos que, denunciam e condenam o racismo de H.P. Lovecraft, mas ao mesmo tempo traz muitas referências a obra deste, o que agradará aos conhecedores de contos como “Call of Chtulhu” e “Dreams of the Witch House”, entre outros.
A série e o livro retratam o jovem Atticus Turner, ex-soldado de 22 anos veterano da Guerra da Coréia, deixa a Flórida para retornar para sua casa em Chicago, nos Estados Unidos segregacionistas da década de 1950. Ele decide voltar ao receber uma carta misteriosa de seu pai, que teria ido para Ardham, região mais racista e perigosa para negros do interior de Massachusetts, tentando descobrir um segredo de família.
Atticus é muito fã de literatura pulp, especialmente H. P. Lovecraft.
A história se passa enquanto as leis de Jim Crow ainda estavam em vigor nos Estados Unidos. Criadas para segregar a população afro-americana, elas começaram a surgir após a Guerra Civil e a abolição da escravidão no país, assinada em 1863. A partir desse marco, leis estaduais e locais passaram a ser instituídas para separar negros e brancos em estabelecimentos, escolas, transportes, banheiros e até bebedouros. As leis Jim Crow foram adotadas principalmente no Sul dos Estados Unidos e ficaram vigentes até a aprovação da Lei dos Direitos Civis de 1964. Ou seja, um século após o fim da escravidão no país. Bem, e o livro (e a série)…
Ao chegar em Chicago, Atticus reencontra a amiga de infância Letitia Lewis e seu tio, George o editor do “The Safe Negro Travel Guide”, um guia de viagens para negros com os locais perigosos e amigáveis das cidades no sul dos EUA. O trio parte em uma viagem para Ardham e, ao longo do caminho, uma escalada de ódio e violência em meio à opressão racial, enquanto estranhas mortes acontecem na calada da noite, envolvendo relatos de criaturas nos cantos mais escuros das florestas.
O livro e a série (principalmente a última) são como um soco no estômago da América racista. Busca ressaltar os pontos positivos da obra de Lovecraft, com mistério e ficção científica, e destaca os “podres” do racismo, machismo e opressão social existentes na obra e na vida real.
Lovecraft era extremamente racista, reproduziu a visão colonial dos povos “selvagens” em sua obra, também odiava judeus. Ele era um racista virulento. A xenofobia e o supremacismo branco que borbulham sob sua ficção (e que passariam em branco se ele tivesse ficado no anonimato) são incomodamente explícitas em suas cartas. Folheie algumas delas e você vai encontrar um escritor reclamando de judeus como “aliens de nariz aquilino, trigueiros, de vozes guturais” cuja “companhia (…) era intolerável”; da Nova York de “pretos molengas, pungentes, sorridentes e palradores” e da Nova Inglaterra tomada por “latinos indesejáveis — italianos do sul e portugueses da mais baixa espécie e a praga clamorosa dos franco-canadenses”. Mas a obra nos faz, por um momento, esquecer e lembrar destes detalhes. “Lovecraft Country” é uma experiência única e é o fato de ela subverter o racismo do próprio escritor a seu favor, transformando, ironicamente, esse elemento no âmago do terror lovecraftiano.
Por mais vergonhoso que seja, o racismo de Lovecraft também é uma das melhores lentes para ler sua obra. Em março de 2015, Leslie Klinger apresentou uma aula sobre Lovecraft na Biblioteca Hay, da Brown University, lar da maior coleção mundial de papéis e outros materiais lovecraftianos. No fim de sua apresentação, Klinger — sem buscar se desculpar ou defender o racismo de Lovecraft — recusou-se a separá-lo das realizações do autor. Lovecraft “desprezava pessoas que não eram brancos anglo-saxões e protestantes”, disse o palestrante. “Mas é isso que dá força às suas histórias… essa sensação de que ele está sozinho, que está cercado de inimigos e que tudo lhe é hostil. Acho que se tirássemos esse aspecto do caráter dele, ele poderia ser uma pessoa muito mais legal mas isso destruiria seus contos.”
Vamos nos despedindo com uma frase do autor do livro “Lovecraft Country”, Matt Ruff: “Histórias são como pessoas. Nós até podemos amá-las, mas não podemos alegar que são perfeitas. Sempre tentamos enaltecer suas virtudes e relevar seus defeitos, mas isso não faz os defeitos desaparecerem”.
Espero que tenham gostado do post. Leiam o post, leiam o livro. Vejo todos vocês no próximo post.
Jota Cortizo
Versión española: El territorio de Lovecraft.
Hola a todos. Espero que estés bien y que tengas una gran semana. Empecé a seguir la nueva serie de HBO “Lovecraft Country” y me vinieron muchas cosas a la mente. Howard Phillips Lovecraft es uno de los autores más cultos de todos los tiempos, y en esta década, el escritor de Providence, en Estados Unidos, ha sido más revisado por todas las generaciones. Su terror cósmico ha influido cada vez más en las películas. Y ahora tenemos la serie. Y con él, llegó el momento de hablar de algo que molesta a la gran mayoría de fans: el racismo y la xenofobia no son discretos en la obra y la vida de H.P. Lovecraft.
El blog ya ha realizado varios posts sobre Lovecraft y debajo pongo el enlace de los más importantes, que escribí el 10 de octubre de 2015:
jotacortizo.wordpress.com/2015/10/10/o-horror-mais-repulsivo-escorrendo-a-cada-pagina-de-hp-lovecraft-el-horror-mas-repulsivo-que-gotea-de-cada- hp-lovecraft-page /
Nota: La serie es una adaptación del libro del mismo nombre, de Matt Ruff. El novelista de culto aclamado por la crítica vuelve viscerales los terrores de la vida en los Estados Unidos de la década de 1950, aún bajo los efectos de las leyes racistas de Jim Crow en esta brillante y maravillosa obra de imaginación que mezcla ficción histórica, pulp noir y horror y fantasía de Lovecraft, Chicago. 1954.
Su libro viene en cuentos que denuncian y condenan el racismo de HP Lovecraft, pero al mismo tiempo trae muchas referencias a su obra, que agradarán a los conocedores de cuentos como “La llamada de Chtulhu” y “Sueños de la casa de la bruja”, entre otros.
La serie y el libro retratan al joven Atticus Turner, un soldado veterano de la Guerra de Corea de 22 años, que sale de Florida para regresar a su casa en Chicago, en los Estados Unidos segregacionistas de la década de 1950. Decide regresar cuando recibe una carta misterio de su padre, quien habría ido a Ardham, la región más racista y peligrosa para los negros en el interior de Massachusetts, tratando de descubrir un secreto familiar.
Atticus es un gran admirador de la literatura pulp, especialmente H. P. Lovecraft.
La historia tiene lugar mientras las leyes de Jim Crow todavía estaban vigentes en los Estados Unidos. Creadas para segregar a la población afroamericana, comenzaron a surgir luego de la Guerra Civil y la abolición de la esclavitud en el país, firmada en 1863. A partir de este marco, se comenzaron a instituir leyes estatales y locales para separar a negros y blancos en los establecimientos, escuelas, transporte, baños e incluso bebederos. Las leyes de Jim Crow se adoptaron principalmente en el sur de los Estados Unidos y permanecieron en vigor hasta la aprobación de la Ley de Derechos Civiles de 1964. Es decir, un siglo después del fin de la esclavitud en el país. Bueno, y el libro (y la serie) …
Al llegar a Chicago, Atticus se encuentra con su amiga de la infancia Letitia Lewis y su tío, George, el editor de “The Safe Negro Travel Guide”, una guía de viajes para negros con las ubicaciones peligrosas y amigables de las ciudades del sur de los Estados Unidos. El trío emprende un viaje a Ardham y, en el camino, una escalada de odio y violencia en medio de la opresión racial, mientras se producen extrañas muertes en la oscuridad de la noche, que involucran informes de criaturas en los rincones más oscuros de los bosques.
El libro y la serie (especialmente la última) son como un puñetazo en el estómago de la América racista. Busca resaltar los puntos positivos del trabajo de Lovecraft, con misterio y ciencia ficción, y resalta los “podridos” del racismo, machismo y opresión social existentes en el trabajo y en la vida real.
Lovecraft era extremadamente racista, reproducía la visión colonial de los pueblos “salvajes” en su trabajo, también odiaba a los judíos. Era un racista virulento. La xenofobia y el supremacismo blanco que burbujea bajo su ficción (y que se habría quedado en blanco si hubiera permanecido en el anonimato) son incómodamente explícitos en sus cartas. Hojee algunos de ellos y encontrará un escritor que se queja de los judíos como “extraterrestres con narices aguileñas, morenas, con voces guturales” cuya “compañía (…) era intolerable”; Los “negros suaves, conmovedores, sonrientes y conversadores” de Nueva York y Nueva Inglaterra tomada por “latinos indeseables: italianos del sur y portugueses de las especies más bajas y la flagrante plaga de los canadienses franceses”. Pero el trabajo nos hace, por un momento, olvidar y recordar estos detalles. “Lovecraft Country” es una experiencia única y es el hecho de que subvierte el propio racismo del escritor a su favor, transformando irónicamente este elemento en el corazón del terror lovecraftiano.
Por vergonzoso que sea, el racismo de Lovecraft es también una de las mejores lentes para leer su trabajo. En marzo de 2015, Leslie Klinger presentó una clase sobre Lovecraft en la Biblioteca Hay de la Universidad de Brown, hogar de la colección más grande del mundo de documentos y otros materiales Lovecraftianos. Al final de su presentación, Klinger, sin buscar disculpas ni defender el racismo de Lovecraft, se negó a separarlo de los logros del autor. Lovecraft “despreciaba a las personas que no eran anglosajones y protestantes blancos”, dijo el orador. “Pero esto es lo que da fuerza a sus historias… este sentimiento de que está solo, rodeado de enemigos y todo le es hostil. Creo que, si eliminamos ese aspecto de su personaje, podría ser una persona mucho más amable, pero eso destruiría sus historias “.
Nos despedimos con una cita del autor del libro “Lovecraft Country”, Matt Ruff: “Las historias son como personas. Incluso podemos amarlos, pero no podemos afirmar que sean perfectos. Siempre tratamos de elogiar tus virtudes y revelar tus defectos, pero eso no hace que los defectos desaparezcan”
Espero que hayas disfrutado de la publicación. Lea la publicación, lea el libro. Nos vemos a todos en la próxima publicación.
Jota Cortizo
Fontes/fuentes:
Imagem principal – aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/04/literatura-fantastica-introducao-parte-1.png
Capa: wallpaperplay.com/walls/full/8/1/b/17970.jpg
canaltech.com.br/entretenimento/critica-lovecraft-country-170240/#:~:text=Cr%C3%ADtica%20%7C%20Lovecraft%20Country%20%C3%A9%20um%20soco%20no%20est%C3%B4mago%20da%20Am%C3%A9rica%20racista,-Por%20Claudio%20Yuge&text=E%20com%20essa%20refer%C3%AAncia%20aumentando,na%20vida%20de%20H.P.%20Lovecraft.
psamoleitura.com/2020/03/resenha-territorio-lovecraft.html
medium.com/@rntpincelli/a-improv%C3%A1vel-ressurrei%C3%A7%C3%A3o-de-h-p-lovecraft-fbcbe014101b
tionitroblog.wordpress.com/2020/05/29/lovecraft-country-matt-ruff-o-horror-cosmico-e-o-horror-humano-do-racismo-nitroleituras-resenha-horror/
huffpostbrasil.com/entry/lovecraft-country-estreia_br_5f36c2cec5b6959911e420ea
tribunadeituverava.com.br/territorio-lovecraft-discute-o-racismo-nos-eua-nos-anos-50/
lh3.googleusercontent.com/proxy/qmkL-T-9UkaztcByWXIlB9yyBqsxn2mKgZK4GOUhbvYm8S2HmKmNZSoeQ7yMplaIGp1xmdpiP2-9ayjQ3sCBOAHH9RH9a-0EzIz-2sDX_tThp6ZfXUumihz1keIpG0Y
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